
Citado como um possível candidato a vice-presidente de um nome da direita em 2026, o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, tem enfrentado dificuldades políticas na sua base. Esta semana, ele foi alvo de críticas da família Mão Santa, tradicional em Parnaíba (333 km de Teresina), a maior cidade do interior do Piauí.
Ciro já vinha encarando resistências em seu estado após mergulhar de cabeça no bolsonarismo, já que o Piauí foi, em 2022, o estado mais lulista do país, com o presidente registrado 76,84% dos votos válidos no segundo turno. Além disso, desde 2015, o governo local está nas mãos do PT.
Na terça-feira passada, Ciro foi atacado em público pela deputada estadual Gracinha Mão Santa (PP), filha do ex-governador Mão Santa (União). Ela chamou o senador de traidor e disse ironicamente que poderia perdoá-lo porque ele "está passando por algum momento de desespero".
"Ele não está conseguindo viabilizar seu nome como candidato a vice-presidente, está muito desgastado a nível federal, justamente por esse tipo de declaração —e a nível estadual também", afirmou na Alepi (Assembleia Legislativa do Piauí).
A declaração à qual Gracinha se refere foi dada por Ciro em um podcast local. Ele afirmou, entre outras coisas, que a deputada "poderia perder" se sair do PP e decidir disputar a Prefeitura de Parnaíba em 2028.
Gracinha alega ter sido traída pelo novo prefeito da cidade, Francisco Emanuel (PP), que sucedeu Mão Santa com o apoio dele. Ela acusa Ciro de estar por trás do rompimento.
Em abril, um "decretão" do prefeito exonerou a mãe da deputada, Adalgisa Moraes Souza, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, o pai, Mão Santa (que era secretário especial do município) e vários nomes ligados à família.
As declarações de Ciro, porém, foram a gota d'água, e a família já deixa claro que o rompimento não deve ter volta —pelo menos até 2026. "Nascer, morrer e votar em Ciro Nogueira só se faz uma vez na vida", disse Gracinha, que na próxima janela deve se filiar ao MDB, partido ligado ao PT no Piauí.
Corrida pelo Senado
Apesar de ser o líder da oposição, Ciro hoje comanda um grupo que não tem um nome forte para disputar o governo estadual. Além disso, terá de enfrentar dois nomes fortes da base governista na corrida pelo Senado: o senador Marcelo Castro (MDB) e o deputado federal Júlio Cesar (PSD), que aparecem à frente de Ciro nas pesquisas.
Uma pesquisa da Real Time Big Data feita no final de setembro mostra Ciro numericamente na terceira posição nas intenções de voto para o Senado (empatado em segundo na margem de erro):
Marcelo Castro (MDB) - 28%
Júlio Cesar (PSD) - 21%
Ciro Nogueira (Progressistas) - 18%
Thiago Junqueira (PL) - 9%
A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre 27 e 29 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O que diz Ciro Nogueira
Em contato com a coluna, o senador enviou o link de uma matéria do portal Costa Norte sobre uma pesquisa em que ele aparece em primeiro lugar, em intenção de voto estimulada, para senador. O levantamento foi realizado pela TV Costa Norte, em parceria com o Instituto Amostragem, e divulgado no último dia 2. Seguem os números:
Ciro Nogueira: 35,67%
Marcelo Castro: 18,67%
Júlio César: 11,67%
Tiago Junqueira: 7,0%
A pesquisa ouviu 300 pessoas entre 26 e 29 de setembro. A margem de erro é de 5,54 pontos percentuais para mais ou para menos.
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